domingo, 24 de setembro de 2017

No dia em que morri

(por João Lemes)  Costumo dizer que a única coisa certa na vida é a morte. Tudo que nasce, morre. Tudo que morreu, nasceu. E se é tão natural, por que tememos tanto essa hora fatídica? Simples: somos da natureza e, por isso, apegados à vida, programados apenas para viver.

Alguns dizem que não temem a morte, temem a passagem. Eis uma obviedade, assim como o desejo da maioria de morrer dormindo. Aliás, quando alguém morre assim, a família deveria era festejar por aquela pessoa que não sofreu.

Em outros países, como a Holanda, quando a pessoa está muito mal, desenganada, lhe é permitida a eutanásia (ajuda para morrer), lei que deveria existir no Brasil. Afinal, se não somos donos nem do nosso corpo, somos donos de quê? Muitas vezes, devido ao egoísmo da família, um vivente fica por meses, anos vegetando.

A essa altura já sei que o leitor está aflito, não com o que falei, mas com o bendito título deste artigo. Bom, é que tive uma experiência e provei (pra mim mesmo) que a morte é o nada, assim como era antes de nascermos. É como um sono eterno, porém, sem sonho. Como foi no dia em que tiraram essa minha foto.

Eu estava em Santa Catarina. No final da tarde, cansado da água do mar, sentei-me num sofá em pleno movimento do hotel e adormeci. Passou-se um tempo, talvez uns 40 minutos em que não vi nada. Ao acordar, minha filha estava ao meu lado a exibir uma foto. Assim que a vi (a foto), tive uma sensação jamais sentida; parecia que eu estava no além, ou sei lá onde. O tempo transcorrido não existiu. Poderia nunca mais ter acordado, que nada mudaria, pois estaria, de fato, morto.

Claro que isso foi só uma experiência, um ensaio da vida que segue e que nos permite pensar, falar, sonhar, agir; provar que estamos bem vivos.

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